No livro A arte de pensar claramente, Rolf Dobbelli nos faz perceber que tomar consciência de algumas armadilhas do pensamento, e da própria percepção das situações, faz com que possamos evitá-las antes que elas nos causem maiores danos. Algumas delas são:
Prova social
Pensar que me comporto de modo correto quando me comporto como os outros. Ou seja, quanto mais pessoas acharem uma ideia correta, mais correta a ideia será – o que, naturalmente, é absurdo.
Quando 50 milhões de pessoas afirmam uma besteira, ela não deixa de ser uma besteira por conta disso.
Falácia do custo irrecuperável
Você vai ao cinema, depois de meia hora de filme comenta com o amigo: “Vamos pra casa?” e ele responde: “De jeito nenhum, não vamos perder os 30 reais”.
Mas pensemos bem, esses 30 reais já não estão perdidos de todo modo?
A mesma coisa vale para projetos iniciados que insistimos em levar até o fim apenas levando em consideração o que já foi investido.
Decidir racionalmente significa ignorar os custos acumulados. Levar um projeto que não faz mais sentido adiante protela o reconhecimento (doloroso) da desistência, mas abre espaço para que novas ideias surjam.
Viés de confirmação
O viés de confirmação é o pai de todos os erros de pensamento – a tendência de interpretar novas informações de modo que sejam compatíveis com as nossas próprias teorias, visões de mundo e convicções.
Ou seja, filtramos as informações que contradizem as nossas visões de mundo, mas, disse Aldous Huxley “Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados”.
Charles Darwin carregava consigo um caderninho de apontamentos no qual se ocupava de anotar as observações que contradissessem sua teoria. Incrível!
Ser vítima do viés de confirmação não é nenhum pecado intelectual, mas como ele influencia nossa vida é a questão.
Portanto, faça um exercício: escreva suas crenças em relação à visão de mundo. Em seguida comece a procurar pela evidência desconfirmatória, “Matar suas teorias preferidas é trabalho árduo, porém, como espírito esclarecido, você não terá como evitá-lo” Rolf Dobelli.
Eloquência oca
Há dois tipos de conhecimento, um deles é o autêntico, provem de pessoas que investiram muito tempo e trabalho mental para consegui-lo.
Outro é o conhecimento oco, ele parte, normalmente da eloquência e de palavras vazias. Moral da história: Não confunda o apresentador de telejornal, o tagarela, o artesão de palavras vazias com alguém que realmente tem conhecimento, e como reconhecê-lo?
Observando um sinal claro, os verdadeiros conhecedores sabem o que sabem, e especialmente o que não sabem.
Ilusão de controle
Controlamos muito menos do que pensamos controlar. A ilusão do controle é a tendência a acreditar que podemos controlar ou influenciar alguma coisa sobre a qual, objetivamente, não temos nenhum poder.
Então, concentre-se nas poucas coisas que você pode de fato controlar ou influenciar.
Paradoxo da escolha
O autor fala: “ter muita opção leva à insatisfação. Como você pode ter certeza de fazer a escolha perfeita a partir de duzentas opções? Resposta: não pode.
Quanto mais opções, mais insegurança e, portanto, mais insatisfação você terá após a escolha.”
O que podemos fazer é pensar bem a respeito do que queremos antes de examinar as ofertas existentes.
Colocar os critérios no papel a ater-se diretamente a eles, partindo do princípio de que nunca faremos uma escolha perfeita.
Por que esperar pra ver é uma tortura
Somos descendentes de seres aos quais era demandado que agissem rápido ou seriam mortos por um predador qualquer.
Contudo, nosso mundo atual é outro, ou seja, hoje, vale mais a pena uma reflexão acurada do que uma atitude intempestiva.
Portanto, quando uma situação for indefinida, o melhor a fazer é não fazer nada até que seja possível avaliar melhor o quadro.
Tendência ao lero lero
Não é incomum que pilhas de palavras sejam utilizadas para disfarçar ideias pouco desenvolvidas ao invés de simplesmente não emitir opinião alguma. Não é fácil ser claro e simples.
Porém, quanto mais nos esforçarmos para manifestar declarações claras mais nossa mente vai ficando igualmente clara.
E, como dizia Mark Twain “Se você não tem nada a dizer, não diga nada.”